Podemos resumir 2023 em 3 pontos:
- o aumento do uso da IA e machine learning (ML) nas empresas;
- o crescimento da segurança cibernética;
- a preocupação com a privacidade dos dados.
Estas tendências indicam que o mundo digital continuará a transformar-se a uma velocidade vertiginosa nos próximos anos. As empresas que estiveram atentas a estas mudanças estarão preparadas para enfrentar os desafios do futuro.
Mas sobre este ano que termina, na prática, o que aconteceu?
Redes Sociais
O Twitter mudou. Se em 2022 toda a gente falava no metaverso, em 2023 toda a gente falou do Twitter, até no próprio Twitter.
Mudou de nome e de dono. Elon Musk chegou e fez-se notar. Agora com o nome X, a rede social aplicou diversas alterações, que tiveram repercussões nas outras redes.
Fonte: Selo azul X (antigo Twitter)
O selo azul era sinónimo de conta verificada, aumentando a credibilidade da conta. O X tornou o selo azul acessível a todas as contas, pagando um valor mensal ou anual. Mais: aqueles que comprarem o selo azul poderão visualizar até 6 mil tweets por dia, enquanto os demais verão apenas de 300 a 600 publicações por dia – o que abre a discussão sobre o propósito da rede, embora a justificação seja, nas palavras do seu proprietário, para evitar “níveis extremos de recolha de dados e manipulação do sistema”.
Mas a alteração mais importante de Twitter para X está no nome: Twitter deixou de ser uma rede social com limite de caracteres; no X pode publicar qualquer tipo de formato.
X foi a mudança digital que mais movimentos e discussão causou em 2023, no mundo digital. Estamos perante uma mudança no paradigma das redes sociais? A palavra ‘social’ terá novo significado?
Qual é a alternativa ao X?
A resposta vem da Meta e chama-se Threads. Contudo, não é uma aplicação isolada: está integrada no Instagram. Nos seus primeiros cinco dias, o Threads captou mais de 100 milhões de utilizadores mas, segundo os relatórios, a sua base de utilizadores caiu desde então.
O Threads permite partilhar atualizações de texto, criando publicações sem exigência da imagem. O que se assemelha à ideia original do Twitter.
O alcance dos vídeos
Uma imagem vale mais do que mil palavras.
Ou então um vídeo.
O TikTok começou e a Meta seguiu o exemplo. Os reels do Instagram ganham destaque na app e o Facebook, tal como um pai que quer vestir a mesma roupa que o filho de 16 anos, arranja lugar para dar mais alcance aos vídeos partilhados, no mesmo formato que os reels.
Aplicações de chat
Tanto para particulares como empresas, o Whatsapp tornou-se o canal de comunicação e de mensagens instantâneas mais famoso. Em 2023, surgiu uma nova tabela de preços e serviços do Whatsapp Business para empresas, tendo vantagens quando estas também usam o Meta Business.
Fonte: Statista
Na respetiva de manter as conversas o mais baratas possíveis e seguras, muitas são as alternativas ao Whatsapp, sendo o Telegram o de maior expressão em Portugal.
Telegram é uma app focada na segurança e na rapidez do serviço. Telegram oferece um serviço baseado na cloud, o que permite não só a cópia de mensagens como o acesso por vários dispositivos. Uma das vantagens comunicada pelo Telegram como diferenciador da sua concorrência é a possibilidade de criar um grupo de até 100 contactos e poder estar em contacto com todos de uma só vez.
Vantagem que o Whatsapp rapidamente deu resposta, criando, de forma similar, as comunidades: uma conversa com até 5 mil contactos.
Comunidades e Canais
De forma a segmentar as conversas, tal como num sistema de email marketing, existe a possibilidade de um flow nos canais de comunicação com mensagens instantâneas, criando comunidades e canais.
As comunidades são conversas com um maior número de contactos que podem ser divididas por temas: uma escola de marketing pode juntar todos os seus contactos e dividir por conversas aqueles que fazem parte do curso de Google Ads e os que fazem parte do curso de UX design, por exemplo.
No Whatsapp, ainda tem disponível os canais: funcionalidade que permite que um único administrador envie mensagens para muitos assinantes, de forma unidirecional, ou seja, o administrador envia a informação e limita a resposta dos assinantes – que não podem interagir entre si dentro do canal.
Seja em grupo, um canal ou uma comunidade, são cada vez mais funcionalidades que lhe permitem aumentar o sentimento de COMUNIDADE: algo que as marcas ambicionam criar com os seus clientes. E para isso, 2023 também foi o ano dos nossos amigos digitais, os chatbots.
Fonte: Pixabay
Falhas nos produtos da Meta
Foram várias as falhas registadas em 2023 dos produtos e aplicações Meta, chegando a estarem mesmo inacessíveis durante várias horas. Avaliados os prejuízos para a empresa, abriu-se o debate sobre a dependência de alguns negócios por este serviço: lojas que só vendem através do Instagram e Facebook empresas que só comunicam com os clientes através do Whatsapp.
Vender na web ou nas redes sociais?
Segundo o site Dinheiro Vivo, mais de 40% dos portugueses faz compras online, sendo o pódio partilhado por roupa, calçado e equipamentos electrónicos. Já percebemos o impacto que a pandemia teve nos comportamentos de consumo; quais as mudanças ocorridas em 2023?
Instagram abandona a opção loja
A analogia que melhor descreve 2023 é: Instagram é casa alugada, pode ficar mais caro a médio e longo prazo. Os anúncios Meta continuam, mas o Instagram deixa de destacar a opção Loja. A ideia, segundo Adam Mosseri, é simplificar o Instagram e focar a plataforma naquilo que pretendem fazer: unir pessoas às coisas que mais gostam. Continua a ser possível vender pelo Instagram, porém, será sempre um trabalho do utilizador e não uma prioridade da aplicação.
E por falar em anúncios…
Meta já tem opção sem anúncios: basta pagar.
Com uma versão para web e outra para mobile (smartphones), a Meta lança em 2023 a opção ‘Subscrição’, que lhe dá acesso e prioriza todos os conteúdos orgânicos – uma navegação sem anúncios. Quem não quiser pagar, continuará com a experiência exatamente igual, mas com anúncios.
Esta opção já era usada pelo Youtube – o que teve impacto na criação dos vídeos para anúncios, não só no seu formato, mas também no storytelling, obrigando a surpreender o utilizador logo nos primeiros 5 segundos.
Privacidade e segurança de dados
Um tema já abordado por aqui.
Se em 2022 foi um ano terrível no que concerne aos ataques informáticos, 2023 foi o ano da cibersegurança – pelo menos, no que toca a formar profissionais e sensibilizar a população para estes temas.
De câmaras municipais a hospitais ou empresas privadas, até plataformas da Microsoft foram vítimas das várias formas de ciberataques: phishing, malware, Ransomware… Seja qual for o tipo de ataque, o alvo não é só a instituição, mas todos os dados que esta guarda.
Fonte: Reuters
Cibersegurança como objetivo para 2024
Em 2023, houve uma série de alterações significativas nas leis e regulamentos de privacidade de dados em todo o mundo. O Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD) entrou em vigor em 2018 e exige à pessoa ou empresa que recolhe dados que:
- obtenha o consentimento explícito dos indivíduos antes de recolher os seus dados pessoais;
- forneça aos indivíduos informações claras sobre como os seus dados pessoais vão ser recolhidos e para que finalidade serão usados;
- dê aos indivíduos o direito de aceder, corrigir ou excluir os seus dados pessoais;
- proteja os dados pessoais contra violações de segurança.
Também a UE uniu esforços para controlar todo o comércio digital, pedindo ajuda aos gigantes digitais, tornando-os gatekeepers, com a enorme responsabilidade de criar um espaço de trocas comerciais digitais mais justo e transparente. Também pode ler mais sobre este assunto aqui.
Sempre que faz uma pesquisa no Google, ele aprende mais sobre si. Sempre que usa o Waze, ele absorve as suas rotinas. Sempre que subscrever uma newsletter, a marca fica com o seu e-mail pessoal e (até!) número de telemóvel. Sempre que faz uma compra online, há uma série de pessoas e sistemas que gravam o número do seu cartão.
Dados valem ouro. É assim que se comunica e é assim que as marcas e empresas percebem onde estão potenciais clientes. Infelizmente, nem todas usam os nossos dados pessoais da melhor forma. E quando usam os nossos dados com malevolência, temos fraudes como o ‘Olá, mãe. Olá, pai’.
Sabemos, assim, uma profissão de futuro: cibersegurança.
Fonte: DigitalReportal
No início de 2023, a principal razão para estarmos ligados à web era a procura de informação, seguido pelo nobre objetivo de estarmos conectados com a nossa família e amigos. Nesta ânsia de conexão, seja pessoal ou empresarial, o conteúdo continuará a ser rei. A aposta nas redes sociais ainda é uma aposta ganha. Porém, as exigências do mercado digital e as questões da segurança de dados (os seus dados) prevêem um 2024 mais exigente.
Fechamos 2023 com motivos para acreditar na transformação digital. Que 2024 seja um ano de inteligência, no mundo digital e no mundo real.