Jelly – Digital Agency
À medida que o Google e outros motores de pesquisa incorporam respostas geradas por IA, painéis de conhecimento e snippets informativos, cresce uma tendência que desafia o marketing digital tradicional: o aumento das pesquisas sem cliques.
Mas o que dizem os dados sobre esta mudança e que implicações traz para as estratégias de SEO?
Neste artigo, analisamos a evidência mais recente, identificamos os setores mais afetados e apresentamos estratégias práticas para competir num ecossistema onde a visibilidade importa tanto quanto o clique.
O novo cenário da pesquisa
Hoje, os utilizadores obtêm muitas respostas diretamente na página de resultados, nas chamadas zero-click searches. Isso acontece quando a SERP já contém informação suficiente em snippets, painéis laterais ou visões gerais com IA, eliminando a necessidade de visitar o website de origem.
Segundo o estudo SparkToro/Datos (2024), quase 60% das pesquisas nos EUA e na Europa terminam sem qualquer clique, uma proporção que aumentou com a introdução dos AI Overviews. O Pew Research Center (2025) reforça: quando um AI Overview é apresentado, as taxas de cliques para sites externos caem para metade, uma mudança estrutural e não meramente circunstancial.
O impacto real do “SEO sem cliques”
Dados de 2025 e tendências globais
Os relatórios mais recentes da Semrush e da Ahrefs mostram que as AI Overviews aparecem em cerca de 7% a 9% das SERPs e têm impacto desproporcional na atenção do utilizador. Mesmo quando o utilizador clica, fá-lo com menor frequência nas posições orgânicas tradicionais.
A SISTRIX (2025) quantificou que o CTR da primeira posição orgânica caiu de cerca de 34% para 23% em páginas com featured snippets. Estes resultados reforçam o que o mercado já observa: a visibilidade orgânica mantém-se valiosa, mas o clique é cada vez mais disputado.
Os setores mais afetados
Notícias, saúde e finanças
Estudos da Similarweb (2025) e do Reuters Institute Digital News Report revelam que os setores mais afetados são os que produzem conteúdos informativos de consumo rápido como notícias, temas de saúde ou finanças pessoais.
Nestes casos, o Google tende a fornecer respostas diretas na SERP, reduzindo o tráfego para os sites originais e criando um novo desafio: como gerar valor quando o utilizador não sai da página do motor de busca.
O papel da IA generativa
Os AI Overviews representam um salto qualitativo: ao sintetizar informação de múltiplas fontes, reduzem ainda mais a necessidade de clique. Contudo, estudos da BrightEdge (2025) indicam que o impacto varia fortemente por setor – sendo menor em pesquisas transacionais (como e-commerce) e mais pronunciado em tópicos informativos.
Reação estratégica — medir, adaptar, evoluir
Medir o que realmente importa
Num contexto onde o clique é menos frequente, o foco deve deslocar-se de métricas puramente quantitativas para indicadores de visibilidade e autoridade de marca:
- Impressões e posição média (Google Search Console)
- Share of SERP — percentagem de espaço visual ocupado por resultados da marca
- Citações em AI Overviews e snippets
- Reconhecimento de entidade (entidade da marca no Knowledge Graph)
Estas métricas ajudam a compreender o verdadeiro alcance da presença digital, mesmo sem a visita direta ao website.
Otimização para novas superfícies de visibilidade
A otimização SEO passa a incluir estruturas de dados (Schema.org), conteúdo em formato pergunta-resposta e construção de autoridade temática.
O objetivo já não é apenas “aparecer primeiro”, mas ser a referência que o motor de busca cita nas suas respostas.
Entre as boas práticas baseadas em evidência:
- Criar conteúdos modulares, com respostas diretas e aprofundamento adicional no mesmo artigo.
- Utilizar marcação semântica (FAQ, HowTo, Product, Organization) para maximizar a presença nos rich results.
- Produzir conteúdos de autoridade com fontes verificadas, autores identificados e contexto especializado: elementos que favorecem o E-E-A-T (Experience, Expertise, Authoritativeness, Trustworthiness).
De métricas de tráfego a métricas de influência
O “SEO sem cliques” obriga as marcas a repensar o sucesso digital. O clique continua importante, mas a influência passou a medir-se também pela capacidade de moldar respostas.
Em vez de apenas gerar tráfego, o novo SEO deve construir confiança, reforçar a memória da marca e posicionar o conteúdo como fonte credível.
O clique é o meio, não o fim
Os dados são claros: em 2025, mais de metade das pesquisas terminam sem visita a um site, e as respostas geradas por IA estão a consolidar esta tendência. Mas isso não significa o fim do SEO, significa o início de uma nova fase do SEO.
As marcas que vencerão neste contexto serão as que entenderem a SERP como ecossistema de visibilidade, e não apenas como porta de entrada para o website.
Porque, no fim, o verdadeiro objetivo do SEO é o mesmo de sempre: garantir que a marca é encontrada, lembrada e preferida – com ou sem cliques.





